segunda-feira, 16 de abril de 2012

Infografia Tipográfica


Versão a cores:




Versão a preto e branco:



Ensaio teórico da Infografia Tipográfica:


“Typography is known for two-dimensional architecture & requires extra zeal within every job”


In a Typography anatomy lesson: http://designdecomunicacaovisual.blogspot.pt/


A segunda proposta para a unidade curricular de Design de Comunicação Visual imposta foi a da criação de uma Infografia Tipográfica. Isto é, uma composição visual de informação onde o único elemento fossem apenas fontes de diferentes tipos, tamanhos, espessura (..) Em caixa alta (ABC), em caixa baixa (abc), com serifa A, sem serifa A
A verdade é que, no mundo de hoje, é tudo tão visualmente efémero que nem damos conta da grande quantidade e variedade de letras (fontes). 
Mas é também verdade que quando, por exemplo, o anúncio da nossa marca preferida de roupa, carros, cosmética altera o seu grafismo – incluindo as letras – notamos de imediato a diferença porque vivemos, de facto, de estímulos visuais.
Para a elaboração desta infografia tipográfica escolhi um pensamento de Florbela Espanca, poetisa portuguesa de renome que se suicidou em 1930. 
A sua vida, cheia de sofrimento interior, inquietação e tumultuosa, espelha-se na sua escrita – inclusive na composição seguinte:
"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!" Fonte: - Correspondência (1930) Tema: - Alma
Esta pequena citação é marcada pela agitação, confusão e inconformismo e, por isso, decidi utilizar uma cor quente nas palavras à excepção da palavra “Pessimismo”, na qual decidi fazer uma gradação de cores neutras (preto, cinzento, branco).
Também o nome deste pensamento se encontra em evidência no centro da composição: a palavra “alma” surge variadas vezes num movimento ondulado - que dá ideia de continuidade - e com diferentes tipos de letra: representam a diversidade e quantidade de diferentes tipos susceptíveis de existirem, nos seus diferentes estados. Assim, para a mesma palavra são vários os estilos das fontes – serifados, não serifados, em bold, proeminentes, simples, apelativos, descontraídos (..).
No resto da composição gráfica surgem em destaque as palavras que o mecerem: “quero”, “exijo”, “pessimista”, “exaltada”, “angústia”, “intensa”, “violenta”, “atormentada” e “saudades”. Todas estas palavras estão representadas em caixa alta (ABC), numa fonte facilmente legível, não serifada e a bold, características que lhes conferem simplicidade mas também força. 
A última palava referida “Saudade” mereceu da minha parte especial dedicação pelo que lhe dei um cariz um pouco infantil, ingénuo pela ignorância quanto à sua razão de ser (Saudades.. sei lá de quê!)
O texto intermédio foi representado com uma fonte mais requintada, também esta a bold, e numa mais pequena dimensão. Neste, apenas à expressão “sede de infinito” foi dada diferenciação por resumir, na minha opinião a “Alma” desta bela mas inquieta citação de Florbela Espanca. Ela que, de resto, foi considerada por Fernando Pessoa como"«alma sonhadora/ Irmã gêmea da minha!»".
A exaltação, intensidade, violência, angústia e saudade definem, sem dúvida a poetisa e talvez também parte de mim – por isso selecionei este texto. 
Esta “sede de infinito” leva a que se percorra a alma num movimento incessante em busca, quem sabe, de alguma quietude e paz. Apesar de complexo, este processo pode ser também linear e simples, razão pela qual apenas a palavra “Alma” aparece várias vezes com fontes mais elaboradas, sendo todo o resto da composição marcada pela confusão da disposição do texto mas pela simplicidade e intensidade das suas fontes.


À MEMÓRIA DE FLORBELA ESPANCA


Dorme, dorme, alma sonhadora,
Irmã gémea da minha!
Tua alma, assim como a minha,
Rasgando as núvens pairava
Por cima dos outros,
À procura de mundos novos,
Mais belos, mais perfeitos, mais felizes.

Criatura estranha, espírito irriquieto,
Cheio de ansiedade,
Assim como eu criavas mundos novos,
Lindos como os teus sonhos,
E vivias neles, vivias sonhando como eu.
Dorme, dorme, alma sonhadora,
Irmã gémea da minha!
Já que em vida não tinhas descanso,
Se existe a paz na sepultura:
A paz seja contigo!


Fernando Pessoa (poema não datado)


 Algumas Tentativas:




 



 

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