segunda-feira, 16 de abril de 2012

Segundo ensaio teórico




"good type feels good" 

LUPTON (2004)

"Letters are built like people"

(in papress.com)


A fonte pode constituir a principal atração de uma composição. No caso de uma composição tipográfica, esta é o único foco de atenção e torna-se perceptível a quantidade imensa de tipos de fontes disponíveis, as diferenças entre si, e ainda o facto de o estilo conseguir transmitir diferentes mensagens. 
Na própria citação de LUPTON (2004), decidi fazer uma mistura de fontes em cada uma das letras que constituiam diferentes palavras e, das poucas fontes disponíveis no Blogspot, pode verificar-se a grande diferença e divergência de estilos possíveis. 
Depois da elaboração da infografia tipográfica foi-nos pedido que reparássemos e registássemos tipos de fontes com que nos cruzamos no dia-a-dia: na rua, em casa, nos transportes (...).
Após o registo fotográfico, decorrente de uma maior atenção prestada às fontes que surgem no nosso quotidiano, decidi escolher a presente foto para o segundo ensaio teórico.
Trata-se de uma embalagem de um produto massivamente consumido no nosso país. A embalagem é, com certeza, consequente de um estudo de marketing elaborado. Ou seja, pelo facto de ser light, a embalagem deve transmitir leveza e singileza, ao invés de uma embalagem, por exemplo, de carne, que é apresenta, normalmente, cores vivas como o vermelho e não cores leves como o azul claro ou o branco.
Isto porque, e apesar da cor característica do “Continente” ser o vermelho, a marca optou pela utilização de uns tons mais suaves por se tratar de um produto light. 
Assim sendo, a fonte é grande, mais subtil e, apesar de não serifada, apresenta uma certa elegância na palavra “light”, com uma gradação de tons claros e leves. 
Essa gradação transmite, exatamente, a leveza e a elegância do produto magro, numa altura em que a sociedade vive da imagem e da magreza.
A própria anatomia da fonte é importante: "Letters are built like people" (in "Thinking with type"). A palavra “Equilíbrio” surge numa fonte elegante e leve, contrastando com o bold e arredondado de “Continente”, que sugere uma certa informalidade e proximidade ao consumidor.
Também o tamanho da fonte pesa na elaboração de uma composição. "Every typeface wants to know, “Do I look fat in this paragraph?” It’s all a matter of context. A font could perfectly sleek on screen, yet appear bulky and out shape in print." É importante que a fonte seja, por isso, adaptada ao contexto em que surge. Neste caso, a fonte utilizada para "light" é, como já disse, elegante por ser estreita e quase que clássica. Mas esta elegância é ainda mais notória se avaliarmos a fonte utilizada para a palavra "Equilíbrio" - uma fonte fina, "magra", não serifada, e principalmente, legível.
Penso que é uma embalagem muito bem conseguida por transmitir uma certa leveza (através da fonte e da cor), coincidente com o conceito “light", resultando numa composição delicada. "Good fonts come from good families" (in "Thinking with type").
Esta composição resulta muito bem entre os consumidores mais preocupados com a "linha", seduzidos pelos tons e fontes leves dos produtos e das suas embalagens e afastados de outros que apresentem tons e fontes mais fortes e carregadas que estão, muitas vezes, associados a produtos mais calóricos e mais prejudiciais à saúde.

BIBLIOGRAFIA:
LUPTON, Ellen "Thinking with Type: A Critical Guide for Designers, Writers, Editors, & Students" (Princeton Architectural Press, 2004)

WEBGRAFIA:
http://papress.com/thinkingwithtype/letter/anatomy.htm




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